A Necessidade Aguça o Engenho

A necessidade aguça o engenho e nós mulheres além de pessoas muito engenhosas temos sempre muitas necessidades: de cuidar de nós, da casa, dos filhos e... do marido. 

Sim porque por mais que ele seja desembaraçado, em relação a nós, esse desembaraço situa-se para lá de muitos anos de luz atrás e quando somos mães olhar para os nossos queridos esposos dá vontade de suspirar:
- Mas como foi possível Nosso Senhor criar umas criaturazinhas tão limitadas. Será que é por isso que os amamos?

Do que me queixo? De nada, só constato. Sou mãe de um recém nascido e a minha casa está sempre pronta a receber alguém e sem quais vergonhas. Ele ajuda ao não desarrumar, ao cumprir as tarefas domésticas que já eram da competência dele, trabalha imenso, ama-me e vai fazendo algumas coisas e outras tantas, algumas vezes sob pressão desta mãe. 

Quando está mal disposto e se alguma coisa está dessarumada á algum tempo ele diz que eu podia ter arrumado porque eram só 5 minutos, mas vejamos:
- Ele chega a casa do trabalho e nós estamos cansadas do nosso dia de mães e donas de casa, ele pega no menino para cuidar um pouco dele e: Oh amor o menino precisa de mudar a fralda. Oh amor olha que ele quer comer, fazes o biberon. Oh amor eu queria ir comer, podes pegar nele. Oh amor podes trazer a manteiga. Oh amor a loiça ainda está na máquina. Oh amor o menino precisa de mudar de roupa e eu não sei onde estão as coisas. Oh amor preciso de atender este telefonema. Oh amor dás-lhe banho. Oh amor ele já tomou o remédio, então trás lá,  etc...

Nós mamãs durante o dia que estamos em casa pegamos nos bebés com um braço e com o outro arrumamos a loiça, comemos, fazemos comer, fazemos o biberon, metemos a chucha, embalamos, estendemos a roupa, marcamos as consultas, atendemos os telefones dos familiares e amigos, damos as contagens da água-luz-gás, arrumamos o quarto. Isto tudo sem contar com o banho, a brincadeira, o mimo, o passeio, a conversa, a muda de fraldas, o perceber o que se passa quando ele chora e acima de tudo, apesar de todo este cansaço chegar ao final do dia sorrir para o homem que amamos e ver que afinal tudo está como tem de estar: Ele, limitado como qualquer gajo e eu a amar e a cuidar dos meus meninos... mas ás vezes chateia!!!

Diz ele:
- Oh amor porque é que trouxeste o carrinho para cima?
- Porque tinha o menino ao colo e como trazia vários sacos não conseguia pegar em tudo.
- Mas não devias de ter trazido porque ocupa muito espaço!!!
- Amor, tu pegas no menino e não consegues pegar em mais nada, para ti até é difícil fechar a porta á chave porque tens medo que o menino dê um salto e caia dos teus braços e eu pego no menino ao colo, meto a mochila dele ás costas, pego nas chaves meto na porta, desligo a luz, fecho as portas interiores da casa, chamo o elevador, desligo a água e o gás, pego no que tiver de pegar saíu porta fora, chego ao carro abro a porta, deixo as coisas e com a mochila ás costas ainda meto o menino no ovinho e só depois é que me assento a respirar.
... alguém ficou cansado pelo meio?

Se dúvidas existiam sobre a nossa capacidade de engenho e de adaptação para responder ás várias solicitações, todas desaparecem no dia em que damos á luz. Já não és só tu, tens de pensar por ti e pelo teu filho o que faz com que aquele pequeno defeito que o sexo masculino tem de só conseguir fazer uma coisa de cada vez seja ainda mais acentuado porque nesta altura já somos a mulher polvo e tudo tem de acontecer já, neste minuto, neste segundo. Ainda eles estão a pensar no que acabámos de dizer e já tudo está feito, pronto e preparado para seguir em frente. 

No meio disto tudo não existem nem inocentes, nem culpados, só diferenças nos sexos que têm de ser entendidas e adaptadas ao dia a dia para que tudo corra bem. Eles não têm a culpa que nós sejamos enérgicas, rápidas de raciocínio, prontas para agir e que na nossa cabeça caiba tanta informação e coisas que ás vezes ficamos á beira de explodir e nós não temos culpa de amarmos aqueles seres que necessitam tanto do nosso cuidado desde o dia em que nascem até ao dia em morrem (sim falo dos nossos maridos porque têm de ter sempre alguém a tomar conta deles).

São destas pequenas diferenças que se fazem histórias de amor. Cada um tem aquilo que pode aguentar e eu tenho a sorte de "aguentar" com um homem que me ama profundamente e que nada o fará desviar deste caminho. Tudo isto compensa tudo o resto porque a confiança, amizade, o amor são sempre superiores mesmo nos dias em que fico vermelha de raiva e cansada, mando dois berros:
- Estás a abusar!!!



PS - Os 2 berros resultam e eu tenho uma técnica que é: deixo de fazer, como fica sujo...

Comentários